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Pugilista, goleiro que salvou Edílson diz que “derrubaria uns dois” 07/04/2018

Renato de Oliveira merece uma apresentação digna de um pugilista para um dos jogos mais marcantes da sua carreira. No banco de reservas visitante do Morumbi, medindo 1,90m e pesando 86kg, como anunciaria um bom locutor de boxe, estava ele, o goleiro corintiano de apenas 20 anos.
O soar do gongo se deu à beira do campo, com as controversas e históricas embaixadinhas que Edílson resolveu fazer na última final de Campeonato Paulista entre Corinthians e Palmeiras, em 1999. Ao ver o amigo jogado às cordas pelos rivais, que o encurralavam, o novato não teve dúvidas – invadiu o gramado transformado em ringue, distribuiu alguns socos e derrubou o zagueiro Roque Júnior antes de baixar a guarda para não ser nocauteado. Correu, então, para as escadarias que davam acesso ao vestiário do estádio do São Paulo e arremessou-se, em uma queda cinematográfica.
“A queda foi de boa. Eu tinha 20 anos na época, treinava boxe. Pulei tranquilamente, segurando na grade, e desci correndo. Foi uma cena feia mais para quem via de fora”, riu Renato, quase duas décadas depois, ao receber um telefonema da Gazeta Esportiva. Seja como for, cada momento daquele jogo – ou daquela luta – não caiu no esquecimento para o ex-atleta acostumado a calçar luvas de goleiro e de pugilista. Ainda mais agora, em meio a uma nova decisão estadual entre Corinthians e Palmeiras.
Torcendo por seu ex-clube, o campeão paulista de 1999 achou graça da confusão que marcou o jogo de ida da final de 2018, em Itaquera, vencida pelos palmeirenses por 1 a 0. Questionado se encararia o volante Felipe Melo para proteger o atacante Clayson – ambos acabaram expulsos –, ele não titubeou. “Ah, com certeza, daria para derrubar uns dois ali”, avisou Renato, com a confiança de quem, nas horas vagas, ainda pratica boxe em uma academia de Jaguapitã (PR), sua cidade natal.
O ex-goleiro só fez questão de pontuar que o entrevero de Felipe Melo com Clayson é ameno se comparado aos socos e pontapés da briga da qual participou em 1999. “A rivalidade com o Palmeiras ficou muito acirrada com a nossa eliminação na Libertadores. Sentíamos que éramos melhores e perdemos por acaso, nos pênaltis. Tínhamos certeza da vitória no Paulista. E eles ainda entraram com os cabelos verdes, tirando onda. Aí, o Edílson, um grande amigo, desenrolou as embaixadinhas para responder. Na hora, esqueci tudo e só pensei em protegê-lo, porque era um cara pequeno”, contou.
Edílson tinha total confiança no seu escudeiro. Em uma entrevista concedida à Gazeta Esportiva em 2009, uma década após as embaixadinhas, o atacante já valorizava as virtudes físicas de Renato. “Era impressionante a força que o garoto tinha. Ele mandava a gente chutar a bola com força, a dez metros de distância, e tirava de peito. Não metia a mão para defender, não. O cara era muito forte”, enaltecia.

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